Louvado seja Deus, Senhor do Universo,
que a paz e as bênçãos de Deus estejam sobre seu Nobre
Profeta, sua família, seus companheiros e sobre todos
os muçulmanos até o dia do Juízo Final.
Queridos irmãos, a comunidade islâmica na América
Latina é considerada a mais fraca das demais em todo
o Ocidente comparada com os Estados e a Europa, uma
vez que muitos muçulmanos perderam sua identidade
islâmica; estes se dissolveram na sociedade de forma
completa restando-lhes apenas seu nome de origem,
sua história e as suas lembranças.
Mesmo com a quantidade de muçulmanos que vivem em
toda a América Latina, a preocupação com essa perda
de identidade é preocupante.
Queridos irmãos, o Islam nos ensina que o muçulmano
pode conviver com todos os membros da Família (Humanidade)
e se encontrar com eles no bem e no amor e, ao mesmo
tempo, protegendo a sua personalidade muçulmana. A
convivência não significa que a pessoa deve se anular
e imitar aos outros; ela significa conhecer ao outro
e respeitá-lo. O convívio faz com que o ser humano
aumento seu conhecimento cultural a partir do contato
com outras pessoas da sociedade e vice-versa, construindo
“pontes” entre eles e não uma “parede”.
Certamente, Deus criou povos e tribos, culturas e
línguas diferentes, para nos conhecermos uns aos outros.
Deus fala no Alcorão Sagrado: “Ó humanos, em verdade,
nós vos criamos do homem e da mulher e vos dividimos
em povos e tribos, para reconhecerdes uns aos outros.
Sabei que o mais honrado, dentre vós, ante Allah,
é mais temente (...).” (49:13)
O Alcorão declarou que os seres humanos formam uma
única família oriunda de um mesmo pai e uma mesma
mãe. O Alcorão Sagrado nos diz: “Ó humanos, temei
a vosso Senhor, que vos criou de um só ser, dos qual
criou a sua companheira e, de ambos, fez descender
inúmeros homens e mulheres. Temei a Allah, em nome
do qual exigis os vossos direitos mútuos e reverenciai
os laços de parentesco, porque Allah é vosso observador”
(4:1)
Meus irmãos, materialmente, a identidade pode ser
apenas um documento o qual cada um possui e que traz
sempre consigo no bolso, pois este revela informações
pessoais e gerais de cada um de nós; uma vez extraviado
este documento, o cidadão se sente perdido e preocupado.
Imaginemos agora uma pessoa que perde sua identidade
intelectual: ele vai perder sua história, suas origens
religiosas e, ainda, seu futuro no Dia do Juízo Final.
Infelizmente, nós vemos muitos muçulmanos que abandonam
sua religião apenas para agradar aos caprichos de
amigos ou os padrões exigidos pela sociedade moderna.
Hoje vemos muçulmanos em festas ingerindo bebidas
alcoólicas só para ser aceito naquele ambiente ou
uma mulher muçulmana que deixa de usar o véu e demais
roupas adequadas de acordo com a sua religião para
seguir os padrões de beleza impostos por uma sociedade
consumista.
Podemos observar também que muitos dos nossos costumes
dentro de nossas casas não têm sido praticados de
acordo com as regras islâmicas e a justificativa para
esse descumprimento religioso é a “desculpa” de que
não estamos em um país de Estado Islâmico. Entretanto,
essa é uma falsa argumentação pois você nunca foi
e nunca será obrigado a abandonar a sua identidade
religiosa e muito menos deixar de praticar corretamente
a sua religião.
Você não deve jamais se envergonhar de dizer que é
muçulmano e recusar uma bebida alcoólica quando esta
lhe for oferecida por um amigo em qualquer que seja
a situação. Da mesma forma, uma mulher não deve se
envergonhar de esclarecer que é muçulmana e que é
sua obrigação religiosa fazer o uso do véu publicamente.
Um exemplo notável é a situação das mulheres muçulmanas
na França que estão lutando contra o governo pelo
direito de uso do véu nas escolas; ao contrário dessa
situação, no Brasil, há a plena liberdade religiosa
mas, infelizmente, as mulheres muçulmanas que aqui
vivem estão abandonando cada vez mais o uso do véu.
Queridos irmãos, falo com sinceridade e tristeza que
existem muitos muçulmanos que não sabem valorizar
o Islam. Essas pessoas pensam que ao seguir a opinião
dos outros (não-muçulmanos) e ao abandonar sua religião
eles serão mais respeitados, ou talvez mais “modernos”.
Entretanto, a realidade é a situação inversa, ao assumir
sua religião a sociedade passa a admirá-lo e respeitá-lo
ainda mais.
A convivência é um princípio islâmico maravilhoso
de respeito mútuo, mas isso não significa que ao respeitar
o outro sua identidade religiosa não deva ser preservada.
Suplicamos a Deus, louvado seja, que nos ajude a assumir
a nossa responsabilidade na missão de proteger nossa
religião hoje e para as gerações futuras.
Sheikh Mohamad Al Bukai
11/06/2010