Graças a Deus, o Senhor dos mundos!
Testemunho que não há outra divindade além de Allah
e testemunho que Muhammad é seu Servo e mensageiro.
Irmãos e irmãs crentes, talvez
muitos de vocês estranhem o titulo do sermão de hoje.
Em um primeiro momento pode parecer contraditório,
pois como pode ser possível que um crente, que se
declara como tal, para fugir da idolatria pode, ainda
assim, continuar cometendo um pecado tão abominável?
Na verdade irmãos e irmãs, esse
título é inspirado nas palavras do Altíssimo expressadas
no versículo 106, na surata 12, cujo significado é:
“E sua maioria (os crentes), na verdade, não crê em
Allah sem atribuir-lhe parceiros”. (Alcorão Sagrado).
Em outro versículo: “Os crentes que não macularem
a sua fé com injustiças obterão a segurança e serão
iluminados.” (Alcorão, 6:82)
Irmãos e irmãs na fé, a questão
da idolatria é mais grave e sutil do que o ser humano
possa imaginar. Para se entender esta gravidade, basta
sabermos que a idolatria e o único pecado imperdoável
aos olhos de Deus, o Onividente, e está bem claro
nas sagradas escrituras do Alcorão Sagrado: “Allah
jamais perdoará a quem lhe atribuir parceiros; porém,
fora isso, perdoa a quem Lhe convém”. (Surata 4:48)
O Profeta Muhammad (SAAS) nos advertiu
em relação à idolatria e à associação de qualquer
entidade a Deus, pois é algo que se infiltra sorrateiramente
em nossos corações e nos alerta em seu hadice dirigido
a todas as pessoas, cujo significado é: “cuidado com
a idolatria que é imperceptível como o andar de uma
formiga”. Perguntaram as pessoas: “Como podemos nos
resguardar?”. E o nobre Profeta respondeu: “Digam:
‘Amparamo-nos no Criador para que não caiamos no pecado
da idolatria e, por meio de nossas ações, pedimos
seu perdão caso o façamos sem a intenção e sem percebê-lo”’.
A fé possui vários graus e, da
mesma, forma ocorre com a idolatria. Há graus de idolatria
que impedem por completo a entrada de uma alma no
Paraíso. Disse o Altíssimo no versículo 72, da surata
5: “Quem atribuir parceiros a Allah será impedido
de entrar no Paraíso”. (Alcorão Sagrado).
Há também tipos de idolatria que
aniquilam tudo o que a pessoa pode ter feito de bom.
Disse o Criador: “Já te foi revelado, assim como aos
teus antepassados: se idolatrares (a outro que não
a Allah), suas boas obras perderão os seus efeito
e valores e vocês passarão a integrar a lista dos
desventurados (os que perderam a graça de Allah)”.
(Alcorão, 65:39)
A maioria das pessoas imagina que
a idolatria significa somente o suplicio diante de
uma estátua ou um entalhe na pedra em vez de Deus.
Certamente que isso é um tipo de idolatria, mas a
visível é óbvia. Mas o que dizer em relação à idolatria
invisível que se esgueira em nosso coração sem que
tenhamos consciência de sua presença e que ameaça
as bases de nossa crença?
É obrigação de todo muçulmano e
de toda muçulmana a purificação do coração, varrendo
para fora todas as formas de idolatria. O temor de
cair na idolatria é o que leva o crente a se elevar
em sua fé fazendo com que atinja a plenitude de sua
religião ao compreender por completo os conceitos
de unicidade e completa lealdade a Deus. Por essa
razão repetimos a mesma súplica em todas as nossas
orações para que sejamos ajudados a não cair em nenhum
tipo de idolatria, consciente ou inconscientemente,
visível ou invisível.
Ao observarmos os tipos de doenças
existentes percebemos que as que se desenvolvem sem
apresentar sintomas são as mais perigosas e, em sua
maior parte, são percebidas somente quando não há
mais possibilidade de cura, pois a moléstia já se
apossou de todo o organismo. Dirigimo-nos a Deus em
nossas orações, iniciando nossas súplicas com as seguintes
palavras: “Eu, monoteísta e submisso a Deus, dirijo
minha face ao Senhor que a tudo criou nos Céus e na
Terra e neles inseriu a sua ordem, afirmo que não
faço parte dos idólatras e politeístas”. Essa declaração
pressupõe firmemente que somos inocentes do crime
de estarmos associando qualquer coisa a Deus. A idolatria
não é somente a ideia que temos de associação de outros
deuses ao Deus Único – Allah – o conceito de idolatria
abrange muito mais que isso. Se, em cada oração fazemos
a súplica para que não caiamos na idolatria, mesmo
que sejamos monoteístas declarados, significa que
há outros tipos sutis de idolatria na qual podemos
cair sem percebermos ou termos consciência a qualquer
momento.
Irmãos e irmãs, os sábios mencionam
vários tipos sutis de idolatria que podem se infiltrar
no coração do crente a qualquer momento do dia e temos
que nos manter alertas, pois alguns desses tipos de
idolatria podem ocorrer durante uma súplica, uma intenção
ou objetivo, por meio de uma submissão, medo ou amor
a algo, alguém ou a uma situação.
As situações anteriormente mencionadas
nos desviam do caminho em que Deus é o nosso único
procurador e socorredor. A súplica é um tipo de adoração
a Deus, O Altíssimo e, por essa razão, não devemos
nos dirigir a nada e a ninguém para que interceda
por nós. Podemos nos refugiar em Deus e devemos somente
nos submeter Ele.
O nobre Profeta Muhammad (SAAS)
disse para um de seus companheiros: “Maadh, dirija
seus pedidos somente para Deus e somente a Ele peça
para que o guie quando precisar de orientação”.
Se o servo de Deus orar, jejuar
ou peregrinar a Meca em busca de prestígio, fama ou
de outro objetivo que não seja a aproximação de Deus,
está cometendo a idolatria por meio da intenção e
do objetivo.
Se alguém der a orientação sobre
o que é lícito ou ilícito sem se basear no Sagrado
Alcorão, na Sunnah e na Jurisprudência Islâmica, para
si ou para outros, estará cometendo SHIRK (IDOLATRIA).
A submissão é uma das formas de
adoração a Deus e só a Ele devemos ter tal atitude.
Ao repetir as seguintes palavras de Deus contidas
no versículo 31, da surata 9, cujo significado é:
“Tomaram por senhores seus rabinos e seus monges,
em vez de Allah”, o Profeta (SAAS) explicou que eles
não passaram a idolatrar os rabinos e os monges, mas,
sim, a aceitar o que eles ditavam como pecado, apesar
de ter sido liberado por Deus; e o que era ilícito
para Deus, como permitido. Essas pessoas cometeram
o pecado da idolatria (shirk) e podemos concluir que,
se assim nos comportarmos, de forma que não atenda
às ordens de Deus, estaremos colocando sócios para
Ele.
Revejam seus conceitos segundo
os critérios islâmicos no que se refere à família,
à participação da mulher nas decisões em todos os
âmbitos da sociedade, à busca de conhecimento, à dignidade
da nação islâmica. Deus, o Altíssimo, disse no versículo
165, da surata 2: “Entre os humanos, há aqueles que
adotam, em vez de Allah, rivais (a Ele), aos quais
professam igual amor a Ele; mas os crentes só amam
fervorosamente a Allah”. (Alcorão Sagrado).
Assim, vemos que Deus nos proibiu
de amar a qualquer pessoa ou coisa com a mesma intensidade
que amamos a Ele. O amor a Deus deve superar o amor
que sentimos por tudo e até mesmo o amor que sentimos
por nossa existência. O não cumprimento dessa proibição
também é um tipo de idolatria!
Quanto ao medo, trata-se de um
dos meios que nos levam à idolatria, pois acabamos
temendo às pessoas e às situações do dia a dia, superando
nosso temor a Deus. Disse o Altíssimo: “Temei a mim,
se sois crentes”. (Alcorão Sagrado, 3:175).
Não há como uma pessoa realmente
ser crente, repetindo mais de cinquenta vezes, as
palavras “ALLAHU AKBAR” (Deus é o maior) em suas orações
e, no seu íntimo, temer às pessoas ou às circunstâncias
do mundo. No que se refere ao depósito de nossa confiança,
Deus nos diz: “Confiai em Allah, se sois crentes”.
(Alcorão, 5:23)
Jamais seremos crentes se depositarmos
nossa confiança em qualquer ser ou entidade que não
Allah; ao depositarmos nossa confiança em nossa inteligência,
esforço físico, negócios, profissão, conta bancária
(dinheiro) etc., estamos negligenciando o Todo Poderoso
que é o nosso Único Procurador. De nada nos serve
tudo o que foi citado anteriormente sem que Deus abençoe
e permita que ajam em nosso benefício. Caso assim
procedermos, cometeremos shirk (um tipo de idolatria
) pois tudo só se concretiza com a permissão de Deus,
o Criador de tudo.
Peçamos a Deus para que respeitemos
a unicidade e para que sejamos leais tão-somente a
Ele, o Altíssimo, e para que compreendamos o versículo
19, da surata 47, cujo significado é: “Conscientiza-te,
portanto, que não há mais divindade além de Allah”.
Prestemos atenção: Deus não disse "diga",
mas, sim, "conscientiza-te”; é uma ordem e uma
advertência ao mesmo tempo.
Que a misericórdia de Deus nos
acompanhe sempre nos protegendo dos sussurros que
nos descaminham, sejam eles dos humanos ou dos jinns
(gênios).
Sheikh Mohamad Al Bukai
11/11/2011